Uma precaução fundamental, no que toca aos fenómenos na Doutrina Espírita denominados de obsessão, é verificar criteriosamente cada caso, de modo a excluir outras explicações. Na Idade Média, tudo o que fugisse ao habitual era invariavelmente catalogado como obra do Diabo. Ou como manifestação divina. Na actualidade, maior informação, maior espírito crítico e melhores recursos científicos, exigem precauções acrescidas.
Não raro há pessoas que se assustam com fenómenos tangíveis, materiais, que afinal têm explicações das mais banais. Por tendência de carácter, há pessoas facilmente inclinadas a ver factos paranormais em todo o lado. Ruídos, objectos fora do lugar, supostas aparições, têm frequentemente causas fáceis de determinar e que são muito deste mundo. É clássico o caso do insecto de nome científico Xestobium rufovillosum (na imagem), que, podendo viver nas paredes das casas, produz um som de tic-tac peculiar. Os enfermos acamados, ou os seus familiares dados a superstições, durante séculos acreditaram que o som se devia a um suposto "relógio da morte", que veio a dar o nome popular ao insecto em questão e a outros da mesma família.
Alguns negociantes da credulidade alheia apressaram-se a inventar uma explicação para o ruído em questão, que seria então o de uma máquina de costura de uma costureira falecida que teimaria em assombrar a casa... Escusado será dizer que o insecto deu muito dinheiro a ganhar a este tipo de oportunistas.
Se os objectivos requerem cautelas na análise, não menos se exige relativamente aos fenómenos subjectivos, de ordem psicológica. Uma associação espírita digna desse nome não aceita de ânimo leve que dado caso seja uma obsessão, que tenha origem espiritual, sem antes se certificar de que não se trata de um distúrbio de ordem psicológica, que será do âmbito das Ciências Médicas e caberá aos respectivos profissionais tratar. Episódios de esquizofrenia, de histeria, de alucinações provocadas pelo consumo de alguma substância, são evidentemente do âmbito dos profissionais de Saúde.
O Professor Doutor Núbor Orlando Facure, sendo médico neurologista de profissão, e espírita por convicção, é um entre muitos exemplos de médicos espíritas que alertam para as possíveis confusões entre estados patológicos e fenomenologia de ordem espiritual.