Os casos de obsessão que se revestem de características tão ostensivas como estas, podem ser difíceis de solucionar. Se falham as tentativas que focámos em posts anteriores, o desespero dos sofredores e das suas famílias aumenta, e mais facilmente caem nas malhas de quem tem banca montada propositadamente para explorar estes casos.
No Espiritismo não há absolutamente, lugar para o comércio da mediunidade. O que não quer dizer que "condenemos" os médiuns comerciantes. Só que o problema é mais do que o comércio da mediunidade. O problema são os tratantes, sejam médiuns ou falsos médiuns, que se apresentam como detentores de poderes especiais e ilimitados, e que prometem solução para todo o tipo de problemas, fazendo-se pagar a peso de ouro, e logrando invariavelmente o insucesso - porque não fazem a mínima ideia do que estão fazer, ou porque se sabem mesmo charlatães.
Apresentam-se estes indivíduos como capazes de "resolver todos os problemas", incluindo "alcoolismo, toxicodependência, impotência, frigidez, dificuldades económicas, exames, amores não correspondidos, desarmonia no lar, desemprego, falta de clientela na loja", mais tudo o que se possa imaginar.
Na ânsia de alargarem o seu mercado, incluem as "perturbações espirituais" no rol das suas competências. Quer estejam sinceramente convencidos dos seus supostos poderes, ou estejam plenamente cientes de que enganam o próximo, a categoria de médiuns comerciantes, ou supostos médiuns comerciantes, a que nos referimos, não tem mais sucesso no auxílio aos obsidiados do que o sucesso que logra na busca da chave do Euromilhões.
Defumadouros, velas, banhos de ervas, banhos de água e sal, banhos de água do mar, recitar de ladainhas, atirar pedras ou cinzas ao mar, uso de amuletos, fricções com preparados de álcool e alhos, são outras tantas maneiras de manter o cliente ocupado e esperançado. Como os resultados não aparecem, os "poderosos magos" refugiam-se em desculpas tais como a de que "alguém viu o tratamento a ser feito", ou outro percalço inventado para renovar a esperança e para manter os pagamentos.
Quando o cliente desiste, por ter gasto todo o seu dinheiro ou por ter concluído que foi enganado, quase nunca faz queixa na Polícia, com vergonha. E o tratante continua impune.
É de uma crueldade inaudita, a exploração do sofrimento das pessoas a braços com problemas obsessivos. A par com os progressos tecnológicos, culturais, científicos e humanísticos que a Humanidade tem feito, subsistem ainda muitas crenças supersticiosas, e quando o sofrimento é mais forte que o sentido crítico, muita gente inteligente acaba por pagar fortunas a embusteiros que as mandam atirar 17 pedras ao mar ou besuntarem-se em álcool e alho, para afastar os maus Espíritos.
Contra esse negócio imoral, levantamos a bandeira do esclarecimento. Recorram aos clérigos das vossas religiões, recorram aos psiquiatras e psicólogos com conhecimentos nesta área, recorram ao Racionalismo Cristão ou ao Espiritismo, recorram à vossa força de vontade. Acima de tudo, recorram a Deus. Não se deixem enredar nas malhas destes exploradores.